Renan Calheiros e Arthur Lira firmam pacto eleitoral para 2026 e evitam confronto direto em Alagoas
26/04/2025 11:00 | Texto de:

Johnny Lucena | UP | Foto de: Reprodução

Rivais históricos, mas com interesses convergentes, o senador Renan Calheiros (MDB) e o deputado federal Arthur Lira (PP) estabeleceram um pacto político para a disputa eleitoral de 2026 em Alagoas. O objetivo é evitar o surgimento de um terceiro nome forte ao Senado que possa ameaçar a eleição de um dos dois líderes.
O acordo, costurado nos bastidores, envolve prefeitos aliados, articulações dentro da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) e alinhamentos nos principais colégios eleitorais do estado. Além disso, o pacto se reflete em gestos públicos: recentemente, ao se solidarizar com o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), ameaçado de cassação, Renan evitou qualquer crítica direta a Arthur Lira. Da mesma forma, Lira transita sem resistência entre prefeitos alinhados a Calheiros.
As articulações também atingem outras lideranças. Em Maceió, o prefeito JHC (PL) e o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), estão posicionados em campos opostos ao governo estadual, cada um motivado por seus próprios interesses eleitorais. JHC é pressionado por vereadores da capital a adotar uma postura de enfrentamento, enquanto Renan Filho busca preservar o domínio político do grupo calheirista sobre o Palácio República dos Palmares.
O ambiente de aparente trégua permitiu até momentos de cordialidade pública. Na recente entrega da BR-416, Renan Calheiros elogiou o patriarca João Caldas, ícone do "caldismo" em Ibateguara, pelo projeto de pavimentação da Serra da Catita. As homenagens também se estenderam, ainda que discretamente, ao vice-prefeito de Maceió, Rodrigo Cunha (Podemos).
Curiosamente, Cunha foi agraciado pelo governador Paulo Dantas (MDB) com o prêmio Selma Britto, mesmo sendo o autor da ação que pede a cassação do mandato de Dantas por suposta distribuição de cestas básicas em período eleitoral proibido. A ação, iniciada em 6 de agosto de 2024, segue sem previsão de conclusão no Tribunal Regional Eleitoral.