Agora é oficial: JHC e Arthur Lira rompem e seguem rumos divergentes

30/05/2025 09:43 | Texto de:


Reprodução | Foto de: Reprodução



O cenário político alagoano assiste ao desfecho de uma aliança que durou pouco mais de dois anos. O prefeito de Maceió, JHC, e o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), não compartilham mais o mesmo campo político, "oficializando" nos bastidores um rompimento que vinha se desenhando há meses.

A aproximação entre JHC e Lira teve início nas eleições de 2022, quando uniram forças em um palanque de oposição, apoiando Rodrigo Cunha (Pode) para o governo e Davi Davino Filho (Republicanos) ao Senado. A parceria foi consolidada em abril de 2023, com a indicação de diversos nomes ligados a Lira para cargos estratégicos na prefeitura de Maceió. Contudo, após sucessivas mudanças na gestão municipal nos últimos dois anos, todos os indicados por Lira foram desligados.

As últimas alterações ocorreram na Secretaria de Educação e foram publicadas no Diário Oficial de Maceió nesta quinta-feira (29/05), marcando o ponto final nas indicações de Lira e selando o distanciamento político. Um influente interlocutor da prefeitura de Maceió confirma que o afastamento, embora sem anúncio público formal, é um caminho sem volta. "Nem Murici, nem Junqueiro. JHC vai apostar no novo", resumiu a fonte, indicando uma nova estratégia do prefeito.

As razões para o rompimento não foram explicitadas pelos protagonistas, mas interlocutores políticos apontam dois fatores principais para a tensão crescente: a disputa pela vaga destinada ao Ministério Público no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e os projetos eleitorais para 2026.

JHC tem se empenhado pessoalmente na indicação da procuradora de Justiça Marluce Caldas, alagoana com forte trânsito no meio jurídico, para o STJ. A candidatura de Marluce angariou apoio público do Ministério Público, de juristas e de figuras políticas como o senador Renan Calheiros (MDB) e o deputado federal Paulão (PT). Em contraste, Arthur Lira teria atuado para "minar" essa indicação. O governador Paulo Dantas (MDB) e outros líderes políticos estaduais, por sua vez, preferem outros nomes para a vaga.

Além da divergência em torno do STJ, o impasse sobre os projetos eleitorais de 2026 é um divisor de águas. Interlocutores da prefeitura revelam que o plano de Lira era que JHC disputasse o governo de Alagoas, abrindo caminho para que o próprio Lira concorresse ao Senado em uma "dobradinha". Para isso, o prefeito de Maceió teria que deixar o cargo, enfrentando o risco de uma disputa acirrada contra Renan Filho (MDB), apontado como favorito ao governo atualmente.

JHC, no entanto, não demonstra disposição em abrir mão da vaga no Senado, que hoje é ocupada por sua mãe, a senadora Eudócia Caldas (PL). Essa cadeira foi um dos frutos de sua articulação política, ao convencer o ex-senador Rodrigo Cunha a ser seu vice-prefeito.

Com este cenário, a antiga aliança tornou-se insustentável. Ao recusar a proposta de dobradinha de Lira, JHC sinaliza que pretende construir uma nova composição majoritária para 2026, com foco no governo estadual. Para essa chapa, o prefeito deve buscar políticos com um perfil mais alinhado ao seu. Nomes como o ex-deputado estadual Davi Davino Filho, o deputado federal Alfredo Gaspar de Mendonça (União) e a primeira-dama de Maceió, Marina Caldas, já são cogitados para a disputa ao Senado nesse novo arranjo político.